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Unifesspa Promoverá Festival Internacional Amazônida de Cinema de Fronteira

A Coordenação de Cultura da Diretoria de Ação Cultural da PROEX(Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis) programou para as cidades de Marabá, Eldorado dos Carajás e Rondon do Pará, o Festival Internacional Amazônida de Cinema de Fronteira, o FIA CINEFRONT, no período de 13 a 18 de abril próximo.

  • Publicado: Sexta, 06 de Março de 2015, 16h52
  • Última atualização em Segunda, 08 de Julho de 2019, 11h46
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A Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) por meio da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis) envolvendo a Diretoria de Ação Cultural e a Coordenação de Cultura, planejou para o período de 13 a 18 de abril próximo, nas cidades de Marabá, Eldorado dos Carajás e Rondon do Pará, a realização do I Festival Internacional Amazônida de Cinema de Fronteira, o FIA CINEFRONT.

O evento pretende destacar as mostras de produção audiovisuais de áreas consideradas periféricas existentes na Amazônia, no País e no mundo. Os organizadores do evento vão homenagear os produtores de cinema que fazem um cinema de denúncia e de apontamento de contradições no discurso oficial de desenvolvimento econômico do País, minimizando as condições de vida de populações que vivem na região amazônica, área atingida pelos processos de exploração mineral e energética.

Um dos homenageados será o cineasta inglês Adrian Cowell, morto em 2011, autor dos filmes "Montanhas de Ouro",  "Barrados e Condenados" e "Matando por Terra", os três serão exibidos no FIA CINEFRONT. A organização do evento fará uma homenagem póstuma, registra o professor Evandro Medeiros. O outro homenageado será o também cineasta, Vicente Rios, que produziu os filmes com Cowell.

Os filmes serão exibidos em Marabá, no Cine Marrocos (Marabá Pioneira), na praça São Félix de Valois (Marabá Pioneira), no Campus 1 da Unifesspa (Nova Marabá) e nas escolas da rede pública, no período diurno;  na curva do "S", local em que encontra-se construído o Monumento ao Massacre de Eldorado dos Carajás e no Campus da Unifesspa em Rondon do Pará. Em Eldorado dos Carajás, a exibição dos filmes e os debates coincidem, conforme programado, com as atividades em homenagens aos mortos no massacre de Eldorado dos Carajás, a ser promovida pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra e aliados, que montam o Acampamento da Juventude, no local.

Os filmes serão exibidos em escolas da rede pública de ensino de Marabá. Em Marabá, o evento conta com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura.

 

Filmes históricos

 

O destaque, aponta o professor Evandro Medeiros, fica por conta da exibição e debate sobre a temática dos três filmes.

O filme "Montanhas de Ouro" é sobre a produção mineral de Serra Pelada, e foi produzido em 1990, tem 52 minutos de duração. No filme, Adrian Cowell e os produtores-executivos Vicente Rios e Roger James, analisam a dinâmica econômica, social e ambiental na província mineral mais rica do mundo: Carajás. Os conflitos e constrates entre a atuação da empresa, dona da concessão, e a dos garimpeiros. A ascensão e queda da produtividade, no garimpo de Serra Pelada, o crescimento exponencial da produção industrial ao longo da década de 80 e o rastro de destruição deixado na floresta ao redor.

O outro filme "Barrados e Condenados", é sobre o processo de construção da hidrelétrica de Tucuruí. O documentário analisa a experiência da construção da barragem e colocação em funcionamento da hidrelétrica de Tucuruí, os quase 20 anos de controvérsias sobre o projeto e as consequências sociais e ambientais da falta de planejamento ordenado, por parte da empresa e do governo. O filme acompanha as populações atingidas e o processo que desencadeou a criação de uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável, nas ilhas do lago da represa.

O terceiro filme "Matando por Terra", sobre os crimes de homicídios, tem 52 minutos de duração. O filme foi rodado na fronteira leste da Amazônia, ao longo da rodovia Belém Brasília, em 1986, período em que foram assassinadas mais de 100 pessoas. Grandes fazendeiros, prestes a perder benefícios adquiridos durante o governo militar, contratam pistoleiros para expulsar grupo de sem-terra acampado. Casas queimadas, assassinatos, famílias expulsas: fatos que levam à retaliação dos sem-terra com queimada de pastos e protestos, forçando os pistoleiros a abandonar o local e à partilha das terras por intermédio do Incra. Contudo, a eficácia de tais medidas só dura até o assassinato de mais dois sem-terra e de uma criança de três anos. Nem mesmo a polícia ousa enfrentar os assassinos e a justiça libera os mandantes do crime por falta de evidências. Uma entrevista com o pistoleiro mais famoso da região, conhecido por ter assassinado mais de 300 pessoas, deixa evidente que a justiça não alcança pistoleiros e latifundiários.

O cineasta Adrian Cowell, pouco antes de morrer, liberou o documentário com cenas brutais da guerra travada na Amazônia brasileira. Filmada nos anos 80, a obra manteve-se inédita no Brasil por mais de duas décadas com a finalidade de proteger as testemunhas de assassinatos.

 

Lançamento de filmes

 

O I FIA CINEFRONT vai lançar o filme "Ameaçados" da diretora Júlia Mariano (Osmose Filmes) e acontecerá a apresentação do filme "Toxic Amazon", de autoria do jornalista e documentarista Felipe Milanez, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Portugal.
Filmes de produtores locais também terão vez no festival: "Terra para quem", de Camila Fialho e José Viana; "Gritos dos excluídos - Marabá", de Evandro Medeiros e Airton Pereira; "Minerando conflitos" , de Thiago Cruz e "Cabelo Seco no encontro dos rios", de Joseline Trindade.

 

Veja a Programação do FIA CINEFRONT Aqui

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